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Transtornos alimentares

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Os transtornos alimentares são caracterizados por perturbação persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação que resulta no consumo ou na absorção alterada dos nutrientes.

Costumam comprometer de forma significativa a saúde em geral e o funcionamento do paciente.

Anorexia e bulimia são os principais transtornos alimentares e se caracterizam pela presença de alteração do comportamento alimentar e preocupação excessiva com o ganho de peso e a forma corporal.

O senso comum é que tais patologias são relativamente recentes, talvez devido à obsessão da sociedade contemporânea com a juventude, beleza e magreza. No entanto, os transtornos alimentares foram pela primeira vez descritos em 1694 e o termo anorexia nervosa foi usado pela primeira vez em 1873.

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, cerca de 70 milhões de pessoas no mundo sofrem de transtornos alimentares que, geralmente, são acompanhados por outras doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade.

Os transtornos alimentares costumam aparecer na adolescência ou início da idade adulta e são mais frequentes em profissões que requerem rigoroso controle do peso e forma corporais, como modelos, bailarinas, lutadores e jockeys. 

Sintomas isolados como episódios de compulsão alimentar, purgação (provocação de vômitos, uso inapropriado de laxantes e diuréticos) e períodos de jejum são mais comuns que os transtornos descritos.

A causa dos transtornos alimentares é desconhecida, mas como em outras doenças psiquiátricas, parece haver uma combinação de vulnerabilidade genética, predisposição psicológica e influência ambiental.

Anorexia Nervosa                                                                   

A anorexia nervosa é diagnosticada quando a pessoa perde peso propositalmente até atingir uma massa corporal prejudicialmente baixa (85% do peso esperado para sua altura) ou recusa-se a ingerir as calorias suficientes para ganhar peso quando está em fase de crescimento. O índice de massa corpórea (IMC) do indivíduo, calculado dividindo o peso, em kg, pelo quadrado da altura, em m2 (peso/altura2), costuma ser menor que 17,5.

O paciente costuma ainda ter medo exagerado de engordar mesmo estando abaixo do peso e apresenta percepção equivocada de sua forma corporal. As mulheres com anorexia comumente perdem a capacidade fisiológica de menstruar. 

Na anorexia nervosa, o paciente pode ou não ter comportamentos purgativos (vômitos provocados, uso de laxantes e/ou diuréticos e outras medicações) e/ou de compulsão alimentar.

Um paciente com anorexia pode demonstrar interesse não usual em culinária e nutrição, colecionar receitas e preparar refeições elaboradas, o que disfarça seu medo e preocupação em ganhar peso.

As complicações da anorexia são: diminuição da temperatura corporal (hipotermia), inchaço (edema), diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial, alterações de hormônios sexuais e cortisol. E os pacientes costumam se queixar de sensibilidade ao frio e constipação intestinal crônica.

A anorexia nervosa acomete cerca de 1% das mulheres e a prevalência parece ser 10 vezes menor em homens.

Bulimia Nervosa

A bulimia nervosa consiste em episódios repetidos de compulsão alimentar (ingestão de grande quantidade de alimentos em determinado período de tempo em que o paciente vivencia o sentimento de falta de controle de tal ingestão durante o episódio) e comportamentos compensatórios para impedir o ganho de peso (como provocação de vômitos, uso de laxantes, diuréticos, períodos de dieta restritiva ou jejum e/ou prática excessiva de exercícios).

Assim como uma pessoa com anorexia, o paciente bulímico também apresenta preocupação persistente com o peso e forma corporal. Mas diferentemente daqueles, estes pacientes costumam manter em segredo seus comportamentos de compulsão alimentar e purgação e geralmente têm peso corporal normal. 

Indivíduos com bulimia podem desenvolver calos nos dedos das mãos, erosão dentária e cáries, além de alterações de cálcio e potássio sanguíneos,  no eletrocardiograma, fígado e colesterol.

A bulimia acomete mais de 4% das mulheres.

Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica
Clique para ler sobre compulsão alimentar.

Drunkorexia ou anorexia alcoólica

Condição em que a pessoa faz restrição da dieta quando planeja ingerir bebida alcoólica para evitar ganho de peso. Pode também existir a intenção de potencializar o efeito do álcool.

É mais comum em jovens universitárias e representa um fator de risco para desenvolvimento de alcoolismo, anorexia e bulimia nervosa.

Ortorexia

Condição em que a pessoa apresenta obsessão por pela alimentação saudável com inflexibilidade de normas a respeito dos alimentos presentes em sua dieta, por exemplo, ausência de corantes, conservantes, realçadores de sabor, pesticidas, gordura trans, glúten e derivados de leite, excesso de sal e açúcar, além de forma de preparo e utensílios utilizados para preparar o alimento.

Embora as regras sejam baseadas em informações com relevância científica para manutenção de uma dieta saudável, o paciente tem preocupação excessiva com os alimentos ingeridos, o que lhe consome muito tempo, planejamento e energia.

A  inflexibilidade em ingerir alimentos que não atendam tal condição de “pureza” pode causar deficiências nutricionais e até  isolamento social.

O tratamento se dá com psicoterapia e, em alguns casos, com medicação psiquiátrica.

Diabulimia

Condição grave em que uma pessoa portadora de diabetes, geralmente diabetes mellitus tipo 1 (diabetes insulino dependente, ou seja, em que há necessidade do uso de insulina para controle da glicemia), deixa de administrar ou diminui intencionalmente a dose de insulina com o objetivo de perder peso.

Tal comportamento constitui uma purgação, assim como a provocação de vômitos nos transtornos alimentares clássicos.

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