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O “fim dos likes” no Instagram e seu impacto na saúde mental

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O “fim dos likes no Instagram” é uma das notícias mais comentadas dos últimos meses. Nesse artigo, conversaremos um pouco sobre o assunto e os possíveis impactos da medida na saúde mental dos usuários.

Antes de tudo, é importante entendermos que o Instagram não deu fim aos likes. 

Na verdade, a plataforma oculta a contagem dos likes das fotos de outras pessoas/perfis. Você ainda pode ver esse número em suas próprias publicações, mas os demais usuários não, e vice-versa.

Além disso, vale frisar, a medida é apenas um teste.

Muitas contas não têm o implemento, já que o Instagram ainda estuda suas implicações na prática. Ou seja, a empresa – parte da corporação do Facebook – verifica se a iniciativa irá contribuir, de fato, para o uso mais “saudável” deu seu aplicativo.

Segundo a hipótese levantada pelo próprio Instagram, os likes poderiam estimular uma sensação de competição na rede: os usuários tentariam sempre obter mais likes, sobretudo em relação aos demais membros da rede social.

Assim, o uso do Instagram geraria ainda uma sensação de frustração em relação aos “likes insuficientes”, e até mesmo situações de ansiedade para alcançar determinado número de likes, insatisfação contínua, no sentido de querer sempre mais likes, e outros problemas.

Antes mesmo do “fim dos likes”, um recente estudo da Royal Society for Public Health, do Reino Unido, já havia alertado sobre os riscos do Instagram para a saúde mental. De acordo com a pesquisa, que categorizou a rede social como viciante, o Instagram pode afetar a autoestima e o sono de seus usuários, tendo conexões com quadros de ansiedade e de depressão, principalmente em adolescentes. 

Atento a análises como essa, o grupo Facebook já havia implantado, cerca de 1 ano atrás, outro recurso minimizador de consequências negativas como essas. A rede social dá a opção de controle de tempo de navegação, por meio de alarmes, quantificando em gráficos o tempo despendido na rede. 

Este recurso, no entanto, depende totalmente do interesse e escolha do usuário, ao contrário da contagem de likes. 

Este último, inclusive, vem sendo de certa forma até mesmo burlado por diversos internautas, principalmente pelos chamados digital influencers – pessoas populares no Instagram que se utilizam da fama para gerar conteúdo e veicular publicidade.

Muitos desses influenciadores, e usuários em geral, publicam capturas de tela de seus likes, comentam em stories e publicações a respeito de seus números e fazem uso de outras redes sociais para reafirmar a tão sonhada popularidade.

Do ponto de vista da psiquiatria, além da necessidade mercadológica dos digital influencers, a “sede de likes” pode resultar na ativação do circuito cerebral de recompensa e predispor a um comportamento adictivo, como na dependência de drogas.   

Pode ainda indicar uma intensa carência de atenção, sintomática em diversas condições mentais, como o transtorno de personalidade histriônica.  Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, esse transtorno é caracterizado pelo padrão de emocionalidade excessiva e necessidade de chamar atenção para si mesmo. Muitas vezes a pessoa apresenta apenas alguns traços da personalidade histriônica e não o transtorno de personalidade.

Porém, vale frisar, um diagnóstico relacionado a qualquer patologia psiquiátrica deve ser feito somente pelo médico especialista.

Em minha opinião, o fim da visibilidade dos likes pode ser produtivo para minimizar as consequências que cito acima. No entanto, outras medidas – algumas tomadas por parte do usuário – também são necessárias.

Navegar pelo tempo adequado, por exemplo, é algo que precisa ser adotado com seriedade – é considerado excessivo o uso de redes sociais acima de 2h ao dia. Além disso, é preciso analisar o conteúdo que se acompanha, se este causa (ou sensibiliza) possíveis sofrimentos ao internauta.

Assim como diversas atividades do nosso dia a dia, o uso da Internet impacta na saúde mental de diversas formas. Ficar atento às implicações desse hábito deve ser  uma tarefa cotidiana.

No caso de qualquer sintoma, procure ajuda psiquiátrica.

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